30 de julho de 2012

Confusão


            
            A arma na mão. Confuso, sem saber o que fazer. Com o polegar ele engatilha e o indicador firma mais no gatilho. Ouvia vozes por todos os lados, mas não via ninguém por perto. Era apenas ele, quatro paredes e um revolver. Ele estava perdido naquele mar de confusão que estava sua mente.
            E o vento soprava forte, e o fazia balançar. Ele corria de um lado para o outro arrumando as coisas. As ondas vinham, batiam e quase o derrubava. O mar estava agitado mais que o normal. As ondas batiam como se quisessem virar o barco, pois arrebentavam contra a polpa. Iam, voltavam e massacravam o barco. As velas eram puxadas, o mastro era ajeitado e o manche era mantido sobre controle, tudo por um homem. Estava tudo normalizando e ficando calmo novamente. Então veio a grande onda e virou o barco. BAAAAM!
            Ele se perdeu no meio de seu mar de confusão. E se foi. Tudo que restava agora eram quatro paredes, um revolver e um corpo sem vida sangrando no chão. De um momento para o outro sua vida mudou ao ponto de deixar de existir e o mais estranho de tudo é que aparentemente ninguém se importava com aquilo.

Perder


Me sinto perdendo você.
Olho para os lados e não te vejo.
Me bate um desespero.
Fico louco com medo de não te ver mais.

Vejo você indo embora.
Deixando-me, parecendo não se importar.
Isso me doí, me rasga, me estraçalha.
Essa dor fica voltando, voltando e me queimando.

Tento lhe alcançar, mas te perco mais uma vez.
Corro, corro e corro, tentando seguir em frente por você.
Caio, caio e caio no chão, porque sem você eu falho.

Não irei lhe perder assim, para algo que podemos superar.
Eu estarei ali para lhe apoiar.
Não te deixarei escapar, dessa vez eu te seguro.

27 de julho de 2012

Como falar?

O sentimento de solidão o assolava. Aquilo era mais comum do que parecia. Pois Gabriel era sempre um menino sorridente. Baixo, franzino e sem nada de especial a não ser um grande sorriso no rosto sempre. Um sorriso que ele aprendeu com anos de prática a usar em todos os momentos, até nos depressivos. E aquele dia não podia ser diferente. Gabriel estava pronto para finalmente falar com tudo que guardava no seu coração para a menina que ele gostava. Aquele era o dia. Não poderia ser outro. Tinha que ser aquele, pois se ele deixasse para depois nada iria rolar. Era agora ou nunca. 

Aquele dia não era qualquer dia. Era o dia do passeio para o estúdio de animação. Muitos queriam ir, mas poucos foram. Mas ele conseguiu ir. E Maria também ia, o que era uma vantagem para ele. Era a oportunidade perfeita. Ele só precisava conseguir a atenção dela, só dela, por um momento e falar as palavras certas e de maneira certa. Durante a ida ele ficou sentado ao lado dela, não podia falar porque tinha muita gente em volta, mas tudo bem, ainda teria o passeio. Durante o passeio ele tentou diversas vezes levar ela para um canto e conversar sobre isso tudo, mas sempre vinha alguém junto. Deu a hora de comer, ele se sentou ao lado dela para comer. Tentou falar, mas tinha muita gente em volta novamente. O passeio estava quase no final e ele não conseguia falar. Acabou e ele não disse nada. Durante a viagem de volta também nada disse. Desceram do ônibus e ele ficou com ela perto do portão esperando o sinal bater parar irem embora. E ficou tentando falar para ela.

- Mari, preciso lhe contar uma coisa - dizia ele.

- Fala - ela respondia com a cara inocente de sempre e com aquele sorriso enorme de lindo que faziam bolinhas em suas bochechas.

Mas nessa hora veio Raul e pegou ela pela braço para leva-la para algum lugar. Gabriel puxou do outro. Então ele soltou de uma vez e fez ela cair junto com Raul. 

- Caramba não pode nem se declarar mais para a mulher que você ama em paz? Serio mesmo? Vai ter sempre alguém irritante no meio? E Mari, sim eu disse que lhe amo. E amo muito. Amo de uma forma inexplicável e de tão complexa eu não poderia colocar em palavras todo esse sentimento. Acho que foi idiota isso acontecer e acho idiota eu estar apaixonado por você, uma pessoa que eu sei que eu não tenho chance nenhuma.  Você é a garota mais perfeita que existe no mundo. 

- E quem disse que você não tem chances comigo? - respondeu ela com um sorriso sarcástico na cara.

- E você daria uma chance para um cara feio como eu?

- Talvez? - disse aumentando o sorriso.

- O que eu preciso fazer parar mudar esse talvez para sim? - um pequeno sorriso começou a aparecer no rosto dele.

- Vir aqui e me dar um beijo agora. - ela ficou um pouco vermelha para falar isso e até deu um sorriso menor e mais tímido que os outros.

Ele avançou e a beijou nos lábios de uma forma suave e leve. Aquilo não existia comparação. Era a melhor sensação do mundo. Pois ele sabia que ali era todo amor que ele sentia sendo retribuído pela pessoa que ele ama. Não queria saber no que aconteceria depois daquilo ali, só queria saber daquilo ali. Pois nada mais importava, só aquele momento e ela. Eles agora. 

- Agora mudamos isso? - perguntou ele com um sorriso bobo no rosto.

- Me diz você. - ela riu, numa risada leve e linda aos ouvidos dele.

E como em um passe de mágica, toda a solidão que andava sentindo havia sumido. Agora não sentia mais. Parecia que aquele simples beijo serviu como um remédio para curar a solidão. Ele não sabia porque, mas não se sentia mais sozinho, sentia como tivesse achado alguém que estaria ao seu lado pelo resto da vida.